É uma das pequenas mas famosas historietas do anedotário lisboeta, a de que a estátua de D. Pedro IV de Portugal existente na praça do Rossio não será a do rei português mas sim de Maximiliano, Imperador do México. Como alguns outros contos de duvidosa e não comprovada veracidade, esta lenda sobreviveu, difundiu-se e instalou-se mesmo no ideário alfacinha, a que não escaparam sequer as letras (exemplo de José Cardoso Pires). Terá sido por maldade politiqueira ou simplesmente fruto do fácil - estranhamente entranhado e até acarinhado - sentido de auto-ridicularização dos portugueses? À falta de algo mais para rir, talvez...
A lenda vive desde o dia em que a estátua ocupou o seu lugar no pedestal (lá no alto inacessível aos comuns transeuntes, note-se).
Não alheio a essa paródia não se pode ignorar um precedente também caricato, mas este sim verídico: inicialmente foi erguido apenas um pedestal e aí se manteve por muito tempo sem que lá fosse colocada qualquer estátua. Os lisboetas, achando graça, baptizaram a aberração como o "galheteiro". Daí que, quando o bom D. Pedro IV finalmente subiu às alturas do Rossio, qualquer solenidade se desse por perdida.
Para cúmulo, existe mais que uma versão a defender (ou pelo menos perpetuar) que o desgraçado Maximiliano, depois de fuzilado no México, ficou com vista eterna sobre a Baixa. Uma delas conta que teria havido confusão de encomendas, tendo sido trocadas as estátuas (sendo assim que a de D. Pedro teria seguido caminho para o México). Imaginativa mas desprovida de qualquer sentido, até porque qualquer estátua que houvesse de Maximiliano (ou de D. Pedro em vez dele) seguramente já não seria aceite no México. Outra versão, mais elaborada e irónica quanto ao proverbial e tosco "desenrascanço" nacional, conta que estaria em trânsito no porto de Lisboa uma estátua de Maximiliano, que entretanto morrera. Ficando assim sem destino, teria então sido aproveitada como solução barata e imediata para a falta da estátua de D. Pedro no Rossio. O povo, esse, não daria conta, até porque os Imperadores eram algo parecidos de rosto e na habitual fardamenta - o que até era em parte verdade, decorrente das "modas" régias europeias de então. No entanto, nunca nada nisto se provou senão como boato.
Provada sim está a planificação e execução da figura de D. Pedro IV, reforçada por constatações mais recentes de que as insígnias na estátua são de facto de Portugal e não do México ou dos Habsburgos. No dia em que se chegou lá ao alto com maior facilidade, morreu a lenda. Perdeu-se a caricatura e a controvérsia de um estranho inquilino do Rossio, mas D. Pedro IV lá recuperou alguma da solenidade que o monumento deveria inspirar. É "só" um nosso soberano (e o primeiro do Brasil) e não o infeliz Maximiliano, a que nenhum outro nobre gabaria a bizarra sorte (quanto mais ser parte de uma sórdida galhofa alfacinha).
A lenda vive desde o dia em que a estátua ocupou o seu lugar no pedestal (lá no alto inacessível aos comuns transeuntes, note-se).
Não alheio a essa paródia não se pode ignorar um precedente também caricato, mas este sim verídico: inicialmente foi erguido apenas um pedestal e aí se manteve por muito tempo sem que lá fosse colocada qualquer estátua. Os lisboetas, achando graça, baptizaram a aberração como o "galheteiro". Daí que, quando o bom D. Pedro IV finalmente subiu às alturas do Rossio, qualquer solenidade se desse por perdida.
Para cúmulo, existe mais que uma versão a defender (ou pelo menos perpetuar) que o desgraçado Maximiliano, depois de fuzilado no México, ficou com vista eterna sobre a Baixa. Uma delas conta que teria havido confusão de encomendas, tendo sido trocadas as estátuas (sendo assim que a de D. Pedro teria seguido caminho para o México). Imaginativa mas desprovida de qualquer sentido, até porque qualquer estátua que houvesse de Maximiliano (ou de D. Pedro em vez dele) seguramente já não seria aceite no México. Outra versão, mais elaborada e irónica quanto ao proverbial e tosco "desenrascanço" nacional, conta que estaria em trânsito no porto de Lisboa uma estátua de Maximiliano, que entretanto morrera. Ficando assim sem destino, teria então sido aproveitada como solução barata e imediata para a falta da estátua de D. Pedro no Rossio. O povo, esse, não daria conta, até porque os Imperadores eram algo parecidos de rosto e na habitual fardamenta - o que até era em parte verdade, decorrente das "modas" régias europeias de então. No entanto, nunca nada nisto se provou senão como boato.
Provada sim está a planificação e execução da figura de D. Pedro IV, reforçada por constatações mais recentes de que as insígnias na estátua são de facto de Portugal e não do México ou dos Habsburgos. No dia em que se chegou lá ao alto com maior facilidade, morreu a lenda. Perdeu-se a caricatura e a controvérsia de um estranho inquilino do Rossio, mas D. Pedro IV lá recuperou alguma da solenidade que o monumento deveria inspirar. É "só" um nosso soberano (e o primeiro do Brasil) e não o infeliz Maximiliano, a que nenhum outro nobre gabaria a bizarra sorte (quanto mais ser parte de uma sórdida galhofa alfacinha).
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