segunda-feira, 26 de março de 2007

E os "maiores" dos portugueses são...

Já que iniciei uma rubrica inspirada no "concurso" promovido pela RTP sobre os "Grandes Portugueses" e uma vez que esse tal "concurso" terminou, achei que valia a pena uma breve nota.

Continua sendo minha intenção manter a política afastada deste blogue o mais possível. Não é que despreze ou menospreze a dita ciência (ou, pelo menos, parte dela), mas ela simplesmente estraga - e é esse mesmo o termo - o "ambiente" que aqui quero. De contemplação, reflexão, ponderação, rigor e certa erudição (a que é possível, dentro das minhas fracas possibilidades). Não de luta pelo poder (ou vinganças pela dita), que por mais voltas que se dê, é no que descamba.

Bom, mas uma coisa que prezo muito é o rigor. E, quando possível, o rigor minimamente científico. Para o caso vertente, um rigor que se traduza na menor perturbação possível do que é a realidade, com um mínimo de interferências dúbias ou manipulações.
Fiel a esses preceitos, publico em seguida aquela que considero ser a lista mais fiável relativamente aos 10 grandes portugueses seleccionados para serem os "maiores". Já que a eleição por números de telefone é obviamente falível, para mim é esta a "classificação" que conta, embora não abranja todo o universo admissível e embora estivesse sujeita a uma pré-selecção um pouco mais "limpa", mas ainda assim falível. Ela é o resultado do estudo de opinião efectuado pela RTP.

E assim, aquele que os portugueses escolheram como seu maior dos maiores é:
D. Afonso Henriques (21,0%)

No restantes lugares de honra (3º e 4º):
Luís Vaz de Camões 15,2%
Infante D. Henrique 11,2%


Seguindo-se:
D. João II 10,5%
Fernando Pessoa 8,8%
Marquês de Pombal 7,6%
António Oliveira Salazar 6,6%
Álvaro Cunhal 6,3%
Aristides Sousa Mendes 5,9%
Vasco da Gama 2,4%

Como referi acima, esta lista de 10 resultou de uma outra selecção, sobre a qual também tenho sérias reservas (dois que ali estão por mim não estavam - por sinal foram os dois primeiros na pseudo-votação por nºs de telefone). Porque não ficaria bem comigo mesmo, publicarei em seguida alguns dos nomes que não chegaram aos 10 mas que merecem a minha maior admiração, por diversos motivos. Vejam isto como um orgulho de ser compatriota deles, nem mais nem menos. Dos outros, não tenho, pelo menos em especial.
A ordem é a da votação referida, não a minha. Para mim, são todos grandes:
SALGUEIRO MAIA
SANTO ANTÓNIO
AMÁLIA RODRIGUES
NUNO ÁLVARES PEREIRA
JOÃO FERREIRA ANNES DE ALMEIDA
AGOSTINHO DA SILVA
EÇA DE QUEIRÓS
EGAS MONIZ
D. DINIS
HUMBERTO DELGADO
PEDRO NUNES
PADRE ANTÓNIO VIEIRA
D. JOÃO I
SOPHIA DE MELLO BREYNER
PADRE AMÉRICO
ANTÓNIO DAMÁSIO
AFONSO DE ALBUQUERQUE
D. MANUEL I
JOSÉ SARAMAGO
CARLOS PAREDES
PEDRO ÁLVARES CABRAL
PADEIRA DE ALJUBARROTA
ALMADA NEGREIROS
ÁLVARO SIZA VIEIRA
SOUSA MARTINS
PADRE ANTÓNIO ANDRADE
D. LEONOR
ROSA MOTA
ANTÓNIO TEIXEIRA REBELO
D. AFONSO III
VÍTOR BAÍA
BARTOLOMEU DIAS
D. MARIA II
CARLOS LOPES
AFONSO COSTA
FONTES PEREIRA DE MELO
GAGO COUTINHO
MANUEL SOBRINHO SIMÕES
ANTÓNIO LOBO ANTUNES
GIL VICENTE
MARIA HELENA VIEIRA DA SILVA
MIGUEL TORGA
NATÁLIA CORREIA
EDGAR CARDOSO
FERNÃO MENDES PINTO
ALFREDO DA SILVA
PEDRO HISPANO
DAMIÃO DE GÓIS
D JOÃO IV
ADELAIDE CABETE
ALMEIDA GARRETT
ANTÓNIO GENTIL MARTINS
MARIA JOÃO PIRES

E falta ainda muito boa gente...
Observando outros nomes que constavam na lista dos 100, já se via que a cultura e a educação sobre a história do País andam mesmo por baixo. Pinto da Costa à frente de Damião de Góis? Alberto João Jardim à frente de Almeida Garrett? Vitor Baía à frente de Bartolomeu Dias? O "gato fedorento" à frente de Bocage?
Até qualquer um dos beneficiados se sentiria incómodo com tamanha e tão bruta ignorância...

Francamente, algo está a falhar em Portugal, e podem começar logo pelo serviço público, no caso em apreço o da RTP, embora este programa tenha ajudado a divulgar muito da nossa história e eu tenha lido e ouvido depoimentos interessantíssimos, como neste último programa. Alguns deles, ficaria muito mais tempo a ouvi-los, com grande deleite (e num ou noutro caso, para minha surpresa).
Quanto ao resto, uma brincadeira, claro.