quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Restauração da Independência

A Bandeira da Restauração, com a nossa Cruz de Cristo

No próximo dia 1 de Dezembro celebra-se o 366º aniversário da Restauração da Independência de Portugal, efeméride a que já demos destaque no ano anterior (ver aqui, uma breve resenha dos acontecimentos históricos e aqui, uma breve referência ao Monumento da Restauração, na Praça dos Restauradores).
Diz muito ao autor e diz muito a Lisboa, que foi onde se desenrolaram os acontecimentos em questão e onde se encontra sedeada a Sociedade Histórica da Independência de Portugal, a cujo site oficial e cerimónias recomendamos a acorrência (para saber mais sobre as origens da Sociedade, ver o primeiro artigo referido acima).

De qualquer forma, antecipamos aqui o programa das comemorações de 2006:

12h00 – MISSA SOLENE DE ACÇÃO DE GRAÇAS, na Igreja Paroquial de Santa Justa, no Largo de São Domingos;
16h00 – HOMENAGEM AOS HERÓIS DA RESTAURAÇÃO, na Praça dos Restauradores;
17h15 – ASSINATURA DO LIVRO DE HONRA DA S.H.I.P., no Palácio da Independência.

Das 14h30 às 18h30, no Palácio da Independência, decorrem visitas às Exposições “Hinos, marchas, cantos patrióticos e obras dedicadas” – colecção do Maestro Dr. Manuel Ivo Cruz e “Reais Hospitais Militares de S.João de Deus na Fronteira Luso-Espanhola (Séculos XVII e XVIII)”, promovida pela Comissão Portuguesa de História Militar e Ordem Hospitaleira de São João de Deus.


Foram 60 anos sob domínio estrangeiro, em que Lisboa perdeu estatuto e importância (embora nem tudo fosse mau, em determinados aspectos). 60 anos em quase 900 anos de história do País e em 751 anos de Lisboa como capital. Visto assim, é pouco, mas a importância é grande. Neste "canto" resistiram Lusitanos e Suevos a quem de Leste os ameaçou... e venceu. Da mesma forma têm resistido os portugueses durante quase 900 anos, reafirmando a sua identidade e a sua independência. Cuidemos dela, cuidando dos portugueses - afinal foi por isso mesmo que Afonso Henriques lutou.

VIVA PORTUGAL!

Bandeiras da Portugal (incluindo as de maior simbolismo para a independência): reinado de D. Afonso Henriques - o Fundador; reinado de D. João I, Mestre de Avis - o de Boa Memória; reinado de D. João IV, Duque de Bragança - o Restaurador; República Portuguesa

Créditos: imagens retiradas da excelente página História da Bandeira de Portugal mantida por António Martins

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

Lisboa de Sophia

Digo:
"Lisboa"
Quando atravesso - vinda do sul - o rio
E a cidade a que chego abre-se como se do meu nome nascesse
Abre-se e ergue-se em sua extensão nocturna
Em seu longo luzir de azul e rio
Em seu corpo amontoado de colinas -
Vejo-a melhor porque a digo
Tudo se mostra melhor porque digo
Tudo mostra melhor o seu estar e a sua carência
Porque digo
Lisboa com seu nome de ser e de não-ser
Com seus meandros de espanto insônia e lata
E seu secreto rebrilhar de coisa de teatro
Seu conivente sorrir de intriga e máscara
Enquanto o largo mar a Ocidente se dilata
Lisboa oscilando como uma grande barca
Lisboa cruelmente construída ao longo da sua própria ausência
Digo o nome da cidade
- Digo para ver


Sophia de Mello Breyner Andresen
(Porto, 6 de Novembro de 1919 - Lisboa, 2 de Julho de 2004)

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Apontamentos sobre a História de Lisboa (III): A Fundação

Já aqui desmistificámos a famosa "lenda de Ulisses". Quanto à hipotética fundação de Lisboa pelos Fenícios, apresentámos argumentos a favor e contra, não sendo possível chegar a uma conclusão segura. Até prova em contrário, pouco ou nada nos diz que Lisboa alguma vez tivesse sido um estabelecimento fenício (ou uma cidade dominada por estes).

Mas, quando chegaram os Romanos, Lisboa já existia... e pareceu-lhes uma cidade antiga. Se bem que a "lenda de Ulisses" possa ser fantasiosa (pelo menos no que à fundação de Lisboa diz respeito), ela demonstra isso mesmo. Não faz muito sentido que os Romanos invocassem um acontecimento tão antigo como a Guerra de Tróia para explicar a fundação de um local "bárbaro" e remoto.
Assim sendo, o que os Romanos encontraram foi uma cidade propriamente dita, de acordo com os padrões "mediterrânicos". Não apenas uma sede de poder local ou um reduto fortificado para protecção de populações agro-piscatórias, mas também e sobretudo um centro de comércio, com relações e influências que se encontravam bem para além da sua região natural.

Ainda que Lisboa não fosse Fenícia, terá tido sem dúvida um papel importante nas antigas rotas trans-ibéricas, em que os Fenícios (através de Gadir - Cádiz) seriam a contraparte final.

Seria Lisboa uma cidade turdúla? É uma possibilidade. Os túrdulos (a par dos turdetanos) eram um conjunto de povos que se crê terem sido os sucessores dos tartéssicos. Tartessos, uma antiga e sofisticada civilização de origem ibérica que desde cedo manteve importantes relações com o Oriente Mediterrânico. De tal forma que foram os Fenícios - precisamente - os que acabaram por destruir o famoso reino, quando a sua região (a futura Andaluzia) era já cobiçada pelos gregos.
Supor que Lisboa já existia ao tempo do Reino de Tartessos (e intimamente ligada a este) parece-nos demasiado abusivo. Aliás, os vestígios do Reino de Tartessos são, ainda hoje, tão frágeis e confusos (embora cada vez menos), que torna-se extremamente difícil construir qualquer hipótese relacionada com o mesmo.

No entanto, as próprias fontes romanas referem que em determinada época terá ocorrido uma migração conjunta de túrdulos e celtas para Norte, tendo os túrdulos ocupado boa parte do litoral Norte do Tejo e os Celtas seguido para o Noroeste Peninsular (Galiza). É uma hipótese...

E por aqui fechamos - por agora - o assunto da fundação da cidade, sem que se consiga chegar a uma conclusão clara.
Com bastante segurança podemos afirmar que Lisboa é de facto uma cidade muito antiga, uma das mais antigas de entre as capitais da Europa. Também sabemos que o seu crescimento e desenvolvimento iniciais deveram-se à influência de povos do mediterrâneo: indirectamente, pelo contacto com civilizações "mediterranizadas" do Sul da Península (Tartessos?); ou directamente, pelo contacto com mercadores fenícios (e outros povos de origem semita).
Fundamentais também terão sido os contactos com o Norte Peninsular e até com o Norte da Europa, desempenhando Lisboa um papel importante como ponto de paragem e de intermediação, quer pela rota marítima mas também (mais importante, porventura) por rotas terrestres. Afinal de contas, a Península era canal privilegiado para o contacto entre fenícios (e depois cartagineses) e o Ocidente europeu.

Em seguida iremos abordar a "romanização" de Lisboa, processo que colocou definitivamente a cidade no "mapa" das grandes civilizações europeias.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Insólitos da modernidade

Sábado, pelas 9 da noite, faltou a electricidade em muitas zonas de Lisboa. Veio-se a saber que a culpa foi de um navio, num canal fluvial alemão...
Que tempos estes!
Já lá vão outros, em que era preciso chegar um barco do Brasil para saber quem era o Rei de Portugal!