Já aqui desmistificámos a famosa "lenda de Ulisses". Quanto à hipotética fundação de Lisboa pelos Fenícios, apresentámos argumentos a favor e contra, não sendo possível chegar a uma conclusão segura. Até prova em contrário, pouco ou nada nos diz que Lisboa alguma vez tivesse sido um estabelecimento fenício (ou uma cidade dominada por estes).
Mas, quando chegaram os Romanos, Lisboa já existia... e pareceu-lhes uma cidade antiga. Se bem que a "lenda de Ulisses" possa ser fantasiosa (pelo menos no que à fundação de Lisboa diz respeito), ela demonstra isso mesmo. Não faz muito sentido que os Romanos invocassem um acontecimento tão antigo como a Guerra de Tróia para explicar a fundação de um local "bárbaro" e remoto.
Assim sendo, o que os Romanos encontraram foi uma cidade propriamente dita, de acordo com os padrões "mediterrânicos". Não apenas uma sede de poder local ou um reduto fortificado para protecção de populações agro-piscatórias, mas também e sobretudo um centro de comércio, com relações e influências que se encontravam bem para além da sua região natural.
Ainda que Lisboa não fosse Fenícia, terá tido sem dúvida um papel importante nas antigas rotas trans-ibéricas, em que os Fenícios (através de Gadir - Cádiz) seriam a contraparte final.
Seria Lisboa uma cidade turdúla? É uma possibilidade. Os túrdulos (a par dos turdetanos) eram um conjunto de povos que se crê terem sido os sucessores dos tartéssicos. Tartessos, uma antiga e sofisticada civilização de origem ibérica que desde cedo manteve importantes relações com o Oriente Mediterrânico. De tal forma que foram os Fenícios - precisamente - os que acabaram por destruir o famoso reino, quando a sua região (a futura Andaluzia) era já cobiçada pelos gregos.
Supor que Lisboa já existia ao tempo do Reino de Tartessos (e intimamente ligada a este) parece-nos demasiado abusivo. Aliás, os vestígios do Reino de Tartessos são, ainda hoje, tão frágeis e confusos (embora cada vez menos), que torna-se extremamente difícil construir qualquer hipótese relacionada com o mesmo.
No entanto, as próprias fontes romanas referem que em determinada época terá ocorrido uma migração conjunta de túrdulos e celtas para Norte, tendo os túrdulos ocupado boa parte do litoral Norte do Tejo e os Celtas seguido para o Noroeste Peninsular (Galiza). É uma hipótese...
E por aqui fechamos - por agora - o assunto da fundação da cidade, sem que se consiga chegar a uma conclusão clara.
Com bastante segurança podemos afirmar que Lisboa é de facto uma cidade muito antiga, uma das mais antigas de entre as capitais da Europa. Também sabemos que o seu crescimento e desenvolvimento iniciais deveram-se à influência de povos do mediterrâneo: indirectamente, pelo contacto com civilizações "mediterranizadas" do Sul da Península (Tartessos?); ou directamente, pelo contacto com mercadores fenícios (e outros povos de origem semita).
Fundamentais também terão sido os contactos com o Norte Peninsular e até com o Norte da Europa, desempenhando Lisboa um papel importante como ponto de paragem e de intermediação, quer pela rota marítima mas também (mais importante, porventura) por rotas terrestres. Afinal de contas, a Península era canal privilegiado para o contacto entre fenícios (e depois cartagineses) e o Ocidente europeu.
Em seguida iremos abordar a "romanização" de Lisboa, processo que colocou definitivamente a cidade no "mapa" das grandes civilizações europeias.
Mas, quando chegaram os Romanos, Lisboa já existia... e pareceu-lhes uma cidade antiga. Se bem que a "lenda de Ulisses" possa ser fantasiosa (pelo menos no que à fundação de Lisboa diz respeito), ela demonstra isso mesmo. Não faz muito sentido que os Romanos invocassem um acontecimento tão antigo como a Guerra de Tróia para explicar a fundação de um local "bárbaro" e remoto.
Assim sendo, o que os Romanos encontraram foi uma cidade propriamente dita, de acordo com os padrões "mediterrânicos". Não apenas uma sede de poder local ou um reduto fortificado para protecção de populações agro-piscatórias, mas também e sobretudo um centro de comércio, com relações e influências que se encontravam bem para além da sua região natural.
Ainda que Lisboa não fosse Fenícia, terá tido sem dúvida um papel importante nas antigas rotas trans-ibéricas, em que os Fenícios (através de Gadir - Cádiz) seriam a contraparte final.
Seria Lisboa uma cidade turdúla? É uma possibilidade. Os túrdulos (a par dos turdetanos) eram um conjunto de povos que se crê terem sido os sucessores dos tartéssicos. Tartessos, uma antiga e sofisticada civilização de origem ibérica que desde cedo manteve importantes relações com o Oriente Mediterrânico. De tal forma que foram os Fenícios - precisamente - os que acabaram por destruir o famoso reino, quando a sua região (a futura Andaluzia) era já cobiçada pelos gregos.
Supor que Lisboa já existia ao tempo do Reino de Tartessos (e intimamente ligada a este) parece-nos demasiado abusivo. Aliás, os vestígios do Reino de Tartessos são, ainda hoje, tão frágeis e confusos (embora cada vez menos), que torna-se extremamente difícil construir qualquer hipótese relacionada com o mesmo.
No entanto, as próprias fontes romanas referem que em determinada época terá ocorrido uma migração conjunta de túrdulos e celtas para Norte, tendo os túrdulos ocupado boa parte do litoral Norte do Tejo e os Celtas seguido para o Noroeste Peninsular (Galiza). É uma hipótese...
E por aqui fechamos - por agora - o assunto da fundação da cidade, sem que se consiga chegar a uma conclusão clara.
Com bastante segurança podemos afirmar que Lisboa é de facto uma cidade muito antiga, uma das mais antigas de entre as capitais da Europa. Também sabemos que o seu crescimento e desenvolvimento iniciais deveram-se à influência de povos do mediterrâneo: indirectamente, pelo contacto com civilizações "mediterranizadas" do Sul da Península (Tartessos?); ou directamente, pelo contacto com mercadores fenícios (e outros povos de origem semita).
Fundamentais também terão sido os contactos com o Norte Peninsular e até com o Norte da Europa, desempenhando Lisboa um papel importante como ponto de paragem e de intermediação, quer pela rota marítima mas também (mais importante, porventura) por rotas terrestres. Afinal de contas, a Península era canal privilegiado para o contacto entre fenícios (e depois cartagineses) e o Ocidente europeu.
Em seguida iremos abordar a "romanização" de Lisboa, processo que colocou definitivamente a cidade no "mapa" das grandes civilizações europeias.
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